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Poupança tem saldo negativo de R$ 11,46 bilhões em março, aponta Banco Central
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A tradicional caderneta de poupança registrou uma saída líquida de R$ 11,46 bilhões em março de 2025, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (8). Esse volume representa o maior resgate para o mês desde 2022, quando os saques superaram R$ 15 bilhões.
A retirada em massa consolida o terceiro mês seguido de fluxo negativo, evidenciando o enfraquecimento da atratividade da poupança frente a outros investimentos.
Resgates acumulados no trimestre somam R$ 45,69 bilhões
Nos três primeiros meses do ano, os brasileiros retiraram R$ 45,69 bilhões líquidos da poupança, consolidando o maior volume trimestral de resgates desde 2023. À época, o montante foi de R$ 51,23 bilhões. Em relação ao mesmo período de 2024, a diferença é ainda mais expressiva: a fuga de capital cresceu 101,9%.
A tendência reforça o comportamento cada vez mais frequente de migração para aplicações financeiras com melhor rentabilidade, especialmente em um cenário de inflação persistente e juros elevados. A perda de atratividade da caderneta, que já foi a principal forma de guardar dinheiro no país, se acentua com a defasagem frente ao custo de vida.
Estoque da poupança sofre retração
O total aplicado na poupança chegou a R$ 1,004 trilhão em março, número que representa uma leve queda de 0,55% em comparação com fevereiro (R$ 1,01 trilhão). Ainda assim, o estoque total aumentou 2,93% frente a março de 2024, quando o volume depositado era de R$ 975,77 bilhões.
Esse crescimento anual, no entanto, é mais reflexo da rentabilidade acumulada e das contribuições pontuais do que de um movimento consistente de aportes dos investidores. A redução no volume mensal sugere que a base da poupança está sendo corroída principalmente por saques, apesar de o rendimento ajudar a suavizar a perda.
Rentabilidade de março ficou abaixo da inflação
Em março de 2025, a poupança teve rendimento de 0,61%, impulsionando o estoque em R$ 5,87 bilhões. Esse ganho, entretanto, não foi suficiente para superar a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), que fechou o mês em 0,64%.
A defasagem de 0,03 ponto percentual indica que, mesmo com rendimento positivo, o poder de compra dos poupadores diminuiu no período. Em fevereiro, a poupança havia gerado R$ 6,43 bilhões em rendimento, com uma rentabilidade de 0,58%.
Por que os brasileiros estão sacando da poupança?
Juros altos incentivam migração para investimentos mais rentáveis
A principal explicação para o aumento dos saques está relacionada à baixa rentabilidade da caderneta, especialmente em comparação com outras modalidades de investimento de renda fixa. Com a taxa Selic ainda em patamar elevado (atualmente em 10,75% ao ano), opções como CDBs, Tesouro Direto e fundos DI oferecem retorno mais atrativo — muitas vezes com liquidez semelhante.
Mesmo os investimentos isentos de Imposto de Renda, como LCIs e LCAs, têm ganhado espaço, principalmente entre os investidores mais atentos às oportunidades do mercado.
Inflação e custo de vida pressionam orçamento das famílias
Outro fator relevante é o aumento do custo de vida. O crescimento dos preços de alimentos, combustíveis e serviços tem levado muitas famílias a recorrerem à poupança como fonte emergencial de recursos. A instabilidade no mercado de trabalho também contribui para esse movimento, tornando o resgate de valores depositados uma alternativa para equilibrar o orçamento doméstico.
Perda da confiança e educação financeira
Especialistas apontam ainda que o brasileiro tem se tornado mais consciente em relação às finanças e, com o avanço da digitalização e o acesso facilitado a informações sobre investimentos, cresce a percepção de que a poupança não é mais a melhor opção para guardar dinheiro.
Esse cenário, embora indique uma tendência positiva no que diz respeito à educação financeira, representa um desafio para o sistema financeiro tradicional, que ainda se apoia em produtos conservadores como a poupança para atrair pequenos investidores.
O que esperar para os próximos meses?
Tendência de fuga pode se manter
Se o cenário de inflação persistente e juros altos continuar, é provável que a tendência de resgates se mantenha nos próximos meses. Além disso, o primeiro semestre costuma ser marcado por gastos extras com impostos, material escolar e dívidas acumuladas do fim do ano, o que pressiona ainda mais os orçamentos familiares.
Segundo economistas, a manutenção da Selic em níveis elevados favorece o fluxo para produtos de maior rendimento, enquanto a poupança segue perdendo competitividade.
Mudanças no perfil do investidor
O momento também marca uma transformação no perfil do investidor brasileiro. Se antes a poupança era vista como sinônimo de segurança, hoje a diversificação de portfólio se tornou uma prioridade. Plataformas digitais de investimentos e corretoras independentes têm ampliado o acesso a produtos mais sofisticados e com custos menores.
Fonte: seucreditodigital